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01-04-2003

Um olhar sadio sobre as pessoas e as coisas


Pluralidade

Um olhar sadio sobre as pessoas e as coisas António Marcelino (*) Quem há que não tenha ainda encontrado, no seu caminho, pessoas tão carregadas de nuvens escuras e densas que querem obscurecer o Sol nos dias em que ele é rei? Há gente assim. Já está às escuras, muitas horas antes de a noite chegar. Numa relação do dia-a-dia, são um permanente desconforto para si e para os outros. Terá a doença cura? Atentos à vida que nos cerca, não podemos deixar de ver pessoas e coisas que nos desgostam e entristecem, nos levantam interrogações e põem problemas. Mas igual atenção se nos pede para vermos e apreciarmos o que há de bom nas pessoas e no mundo, e o que deles nos vem de satisfação e alegria, serenidade e confiança. De todas essas coisas e pessoas se compõe o mundo que nos toca. Nós estamos nele, a dar-lhe ou a aliviar-lhe o seu peso, com as nossas qualidades e defeitos, alegrias e dificuldades, esperanças e incómodos. As coisas que no mundo nos doem e incomodam têm sempre as suas raízes no coração das pessoas, próximas ou distantes. E também as podem ter no nosso. É no coração que se faz a mistura do trigo e do joio que cada um carrega consigo. Aí se sonham e decidem também os projectos de paz ou de guerra. Não há gente naturalmente má, nem apenas gente boa. Nem os verdadeiramente santos alguma vez presumiram da sua virtude, antes se reconheceram sempre, com pesar e esperança, pecadores e imperfeitos. Foi o reconhecimento humilde da verdade, iluminada pela fé que de Deus lhes vinha, que permitiu serem interiormente livres e acolhedores de todos, mormente dos mais pobres e marginais. Nunca desistiram de ninguém, nem de eles próprios poderem ir sempre mais além, no desejo e no esforço de perfeição. E outros se foram contagiando com eles, sem olharem ao ponto de partida das suas vidas, antes abertos às surpresas de quem procura o bem e a paz. O olhar sadio nunca condena, nem atira ninguém para a morte antecipada do desespero ou da desistência. Ele sabe ver a nesga de luz no meio das trevas que ensombram uma vida sofrida. Ele sabe colher o mel da flor mais humilde, pois também nela há mel. Quem está vivo comunica vida, e a vida é esperança, é auto-estima, é sonho, é vontade de lutar, é decisão de procurar novas oportunidades, que sempre as há para quem não desiste. Enquanto a porta permanece aberta, é possível entrar e passar além dela. É preciso que este olhar sadio ilumine, cada vez mais, o olhar dos esposos, dos pais e dos filhos, dos professores e dos alunos, dos párocos e dos paroquianos, dos políticos e dos cidadãos, dos empresários e dos trabalhadores, dos conhecidos e dos que se vão cruzando connosco, sem que deles saibamos nada, a não ser que são pessoas e por isso mesmo lhe devemos amor, confiança e respeito. Nada deste olhar lavado e puro é atitude que possa impedir a justiça, a relação normal, a dependência onde ela naturalmente existe. Antes, é condição para dar mãos sem medo, abrir caminhos novos, tecer redes de solidariedade, construir relações fraternas, gerar estímulos promissores. A prudência da serpente não destrói a mansidão da pomba. Quem não se esforça por olhar assim a vida e as pessoas, com alegria e esperança, respeito e amor, acabará por se olhar a si próprio com tristeza e desânimo, desconfiança e despeito. Não tarda que se carregue o seu coração das nuvens que pretendem impedir que o sol seja sol, mesmo quando ele, radioso, ilumina a todos. Só o olhar sadio sobre a vida e as pessoas gera sentimentos novos e dá ao mundo um rosto novo. É esse o olhar de Deus, carregado de misericórdia e de amor para aqueles que se deixam olhar por Ele e assim se vão inebriando de alegria, de paz, de vida. (*) Bispo de Aveiro (18 Out / 10:34)

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